Entrevista - Hamona Oliveira
O Arqueologia e Imagem
tem o prazer de apresentá-las e apresentá-los nosso mais novo parceiro: Studio
Art Cebique.
Para isso compartilho com
vocês a entrevista que fiz com a artista plástica e pesquisadora Hamona, que cria
lindas camisetas, dentre outros trabalhos, inspirados nas pinturas rupestres de
sua cidade natal, Morro do Chapéu-BA.
1. Mona, Hamona (estou na
dúvida, como você prefere?)
Prefiro Hamona. É o que uso para trabalho.
2. Primeiro gostaria de
agradecer por aceitar o meu convite de entrevista-la, nós do Arqueologia e
Imagem sabemos que tens um trabalho interessante baseado nas pinturas rupestres
de Morro do Chapéu-BA. Fale um pouco sobre você. Qual a sua formação?
Grande é a minha satisfação em conceder esta
entrevista, a qual agradeço. Meu nome é Hamona Oliveira, sou bacharel em artes
plásticas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e nesse ano de 2015, inicio
minha pós graduação em arteterapia. Atualmente ministro curso de desenho,
pintura, modelagem e artesanato para crianças dos 4 aos 10 anos, no Studio Art Cebique, localizado na minha
cidade natal, Morro do chapéu, Bahia. Lá no Studio - eu e meu companheiro
Charles Carvalho - fazemos além dos cursos para crianças e adultos, atividades
em artes plásticas como: galeria de arte e artesanato; atelier para criação,
restauração (artísticos, até pequenos móveis) e reprodução de pintura em tela,
esculturas, desenhos, caricaturas, artesanato, pinturas em camisas como a
temática atual e constante do “Inscrito na Pedra”.
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Fachada do Studio Art Cebique, cidade de Morro do Chapéu-BA. Foto: Studio Art Cebique. |
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Detalhe do Studio Art Cebique, cidade de Morro do Chapéu-BA. Foto: Studio Art Cebique. |
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Detalhe do Studio Art Cebique, cidade de Morro do Chapéu-BA. Foto: Studio Art Cebique. |
3. Hamona, como surgiu a
ideia de trabalhar com arte com inspiração arqueológica?
Na faculdade, quando estudei os períodos da história
da arte, o que mais me chamou atenção foi a pré-história, a dita arte rupestre.
Ainda não sei o significado dessa atração, talvez a simplicidade da sua
produção, o mistério da sua significação ou até a beleza simplória de certas
pinturas. Nessa época da faculdade, já realizava trabalhos inspirados nesta
temática. A exemplo: realizei desenhos de pinturas rupestres diversas em
azulejos de papel num painel coletivo no muro da Escola de Belas Artes (EBA),
na chamada intervenção urbana.
Também tive o prazer de estudar um pouco da
arqueologia brasileira com o professor Carlos Etchevarne, do complemento de uma
carga horária da graduação, a qual veio a ser tão importante par mim, que
pensei até em cursar arqueologia. Percebi então, que poderia unir os dois
conteúdos por me sentir a vontade com ambos. Hoje, desenvolvo em grande parte
de meu tempo, o trabalho de pintura artesanal em camisa com o tema rupestre.
4. O município de Morro
do Chapéu possui sítio arqueológicos dos mais diversos, pré-coloniais (pinturas
e gravuras rupestres, cerâmicos e líticos) e históricos (relacionados a história
da mineração), para você como é se inspirar neste vasto acervo?
Tenho o privilégio de morar no coração da região onde
estão distribuídos diversos sítios arqueológicos, inclusive dentro da própria
cidade, onde há um ponto de referência com pinturas rupestres para o futuro
GEOPARK local. Em qualquer direção apontada, há materiais valorosos para meu
trabalho como se fosse a própria extensão de meu atelier. Ou seja, nos é
prazeroso ir para estes locais buscar estes registros históricos para
reproduzi-los com criatividade artesanal. É simplesmente maravilhoso!!!
5. Fale um pouco do seu
processo criativo, da escolha dos desenhos, cores, composição, dos tipos de
trabalho que você cria...
A inspiração é direta nos sítios arqueológicos, onde
registramos em fotografia todo aquele acervo histórico, e deste material,
escolhemos aqueles que se nos parecem mais propícios a nossa linguagem
estética. Alguns detalhes são essenciais no processo de coleta: a qualidade da
pintura na pedra – se visível ou não; a
habilidade do pintor – aquelas que achamos melhor elaboradas e sua
significação, entre outros detalhes. As formas são mais importantes que as
cores. Embora o padrão típico e quase monocromáticos dos modelos, também os
reproduzimos. Após editar digitalmente as imagens e as transformar em fotolitos
para impressão em ‘silk screen’. Depois
disso, a criação fica fácil, pois me sinto livre para explorar arranjos entre
cores, texturas, modelos, etc.
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Sítio Arqueológico na Serra Isabel Dias, Morro do Chapéu-BA. Foto: Studio Art Cebique. |
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Hamona pintando em seu estúdio. Foto: Studio Art Cebique. |
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Camiseta. Inscrito na Pedra. Foto: Studio Art Cebique. |
6. Seu trabalho tem
recebido muitos elogios, nas redes sociais principalmente, em visita à cidade
de Morro do Chapéu vimos que tem alguns trabalhos seus que são vendidos em
alguns pontos da cidade. Como é a aceitação do seu trabalho para os morrenses?
A população morrense ainda não se deu conta da riqueza
que possui, do imensurável valor material e imaterial; histórico, geológico e
ambiental que alicerça suas raízes. Por esta distração ‘histórica’ nosso tipo
de trabalho ainda não repercutiu localmente, tanto quanto aos interessados
neste conteúdo. O prestigio permanece entre os guias locais de turismo e os
visitantes - curiosos e estudiosos - das belezas de Morro do Chapéu e Chapada
Diamantina. Esperamos que o advento do Geopark lhes chamem por fim, a atenção.