terça-feira, 28 de abril de 2015

Entrevista - Artista plástica baiana cria peças inspiradas nas pinturas rupestres de sua cidade


 Entrevista - Hamona Oliveira


O Arqueologia e Imagem tem o prazer de apresentá-las e apresentá-los nosso mais novo parceiro: Studio Art Cebique.
Para isso compartilho com vocês a entrevista que fiz com a artista plástica e pesquisadora Hamona, que cria lindas camisetas, dentre outros trabalhos, inspirados nas pinturas rupestres de sua cidade natal, Morro do Chapéu-BA.

1. Mona, Hamona (estou na dúvida, como você prefere?)
Prefiro Hamona. É o que uso para trabalho.

2. Primeiro gostaria de agradecer por aceitar o meu convite de entrevista-la, nós do Arqueologia e Imagem sabemos que tens um trabalho interessante baseado nas pinturas rupestres de Morro do Chapéu-BA. Fale um pouco sobre você. Qual a sua formação?
Grande é a minha satisfação em conceder esta entrevista, a qual agradeço. Meu nome é Hamona Oliveira, sou bacharel em artes plásticas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e nesse ano de 2015, inicio minha pós graduação em arteterapia. Atualmente ministro curso de desenho, pintura, modelagem e artesanato para crianças dos 4 aos 10 anos, no  Studio Art Cebique, localizado na minha cidade natal, Morro do chapéu, Bahia. Lá no Studio - eu e meu companheiro Charles Carvalho - fazemos além dos cursos para crianças e adultos, atividades em artes plásticas como: galeria de arte e artesanato; atelier para criação, restauração (artísticos, até pequenos móveis) e reprodução de pintura em tela, esculturas, desenhos, caricaturas, artesanato, pinturas em camisas como a temática atual e constante do “Inscrito na Pedra”.

Fachada do Studio Art Cebique, cidade de Morro do Chapéu-BA. Foto: Studio Art Cebique.

Detalhe do Studio Art Cebique, cidade de Morro do Chapéu-BA. Foto: Studio Art Cebique.

Detalhe do Studio Art Cebique, cidade de Morro do Chapéu-BA. Foto: Studio Art Cebique.

3. Hamona, como surgiu a ideia de trabalhar com arte com inspiração arqueológica?
Na faculdade, quando estudei os períodos da história da arte, o que mais me chamou atenção foi a pré-história, a dita arte rupestre. Ainda não sei o significado dessa atração, talvez a simplicidade da sua produção, o mistério da sua significação ou até a beleza simplória de certas pinturas. Nessa época da faculdade, já realizava trabalhos inspirados nesta temática. A exemplo: realizei desenhos de pinturas rupestres diversas em azulejos de papel num painel coletivo no muro da Escola de Belas Artes (EBA), na chamada intervenção urbana.
Também tive o prazer de estudar um pouco da arqueologia brasileira com o professor Carlos Etchevarne, do complemento de uma carga horária da graduação, a qual veio a ser tão importante par mim, que pensei até em cursar arqueologia. Percebi então, que poderia unir os dois conteúdos por me sentir a vontade com ambos. Hoje, desenvolvo em grande parte de meu tempo, o trabalho de pintura artesanal em camisa com o tema rupestre.

4. O município de Morro do Chapéu possui sítio arqueológicos dos mais diversos, pré-coloniais (pinturas e gravuras rupestres, cerâmicos e líticos) e históricos (relacionados a história da mineração), para você como é se inspirar neste vasto acervo?
Tenho o privilégio de morar no coração da região onde estão distribuídos diversos sítios arqueológicos, inclusive dentro da própria cidade, onde há um ponto de referência com pinturas rupestres para o futuro GEOPARK local. Em qualquer direção apontada, há materiais valorosos para meu trabalho como se fosse a própria extensão de meu atelier. Ou seja, nos é prazeroso ir para estes locais buscar estes registros históricos para reproduzi-los com criatividade artesanal. É simplesmente maravilhoso!!!

5. Fale um pouco do seu processo criativo, da escolha dos desenhos, cores, composição, dos tipos de trabalho que você cria...
A inspiração é direta nos sítios arqueológicos, onde registramos em fotografia todo aquele acervo histórico, e deste material, escolhemos aqueles que se nos parecem mais propícios a nossa linguagem estética. Alguns detalhes são essenciais no processo de coleta: a qualidade da pintura na pedra – se visível ou não;  a habilidade do pintor – aquelas que achamos melhor elaboradas e sua significação, entre outros detalhes. As formas são mais importantes que as cores. Embora o padrão típico e quase monocromáticos dos modelos, também os reproduzimos. Após editar digitalmente as imagens e as transformar em fotolitos para impressão em ‘silk screen’. Depois disso, a criação fica fácil, pois me sinto livre para explorar arranjos entre cores, texturas, modelos, etc.

Sítio Arqueológico na Serra Isabel Dias, Morro do Chapéu-BA. Foto: Studio Art Cebique.

Hamona pintando em seu estúdio. Foto: Studio Art Cebique.

Camiseta. Inscrito na Pedra. Foto: Studio Art Cebique.

 6. Seu trabalho tem recebido muitos elogios, nas redes sociais principalmente, em visita à cidade de Morro do Chapéu vimos que tem alguns trabalhos seus que são vendidos em alguns pontos da cidade. Como é a aceitação do seu trabalho para os morrenses?
A população morrense ainda não se deu conta da riqueza que possui, do imensurável valor material e imaterial; histórico, geológico e ambiental que alicerça suas raízes. Por esta distração ‘histórica’ nosso tipo de trabalho ainda não repercutiu localmente, tanto quanto aos interessados neste conteúdo. O prestigio permanece entre os guias locais de turismo e os visitantes - curiosos e estudiosos - das belezas de Morro do Chapéu e Chapada Diamantina. Esperamos que o advento do Geopark  lhes chamem por fim, a atenção.

O Projeto HYPERLINK "http://www.cprm.gov.br/geoecoturismo/geoparques/morrodochapeu/referenciaschapeu.html"GeoparkHYPERLINK "http://www.cprm.gov.br/geoecoturismo/geoparques/morrodochapeu/referenciaschapeu.html" Morro do Chapéu tem uma importância ímpar neste contexto que estamos trabalhando, principalmente ao nosso projeto ‘Inscrito na Pedra’. Desde que tomamos conhecimento através da Associação dos Filhos Amigos de Morro do Chapéu (ASFAM), vimos nisso uma sincronicidade com nosso trabalho e nossos intentos manifestos, os quais hoje, enfim, tomam um corpo. Esperamos que tudo isso prossiga com êxito, trazendo prosperidade e segurança cultural par todos nós, que estamos à beira de construirmos afinal, uma civilização, demarcada inicialmente nas rochas dos sítios arqueológicos.



2 comentários:

  1. Maravilha , ganhei uma camisa trabalhada por esta artista ,em todo lugar que vou tem sempre muitas perguntas , quem fez quem, produziu onde comprei quem pintou,onde fica o Studio Arti Cebique...

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    1. Querida Alba, acontece comigo também. Tenho uma que uso sempre e já preciso adquirir outras. O trabalho do Art Cebique é incrível. São tantos modelos que só dá vontade de ter uma camiseta de cada tipo.
      Obrigado por compartilhar aqui sua experiência.
      Volte sempre!

      Um forte abraço!

      Arqueologia e Imagem

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